Meu blog serve para pessoas que gostam de ler histórias do cotidiano e algumas crônicas. É, especialmente, uma espaço onde compartilho as coisas que, de vez em quando, me atrevo a escrever.

Wednesday, December 13, 2006


Alguns poemas que marcaram na faculdade


ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
debaixo duma bruta chuva
vestiu o índio
Quem pena!
Fosse uma manhã de sol
o índio tinha despido
o português.

O CAPOEIRA

- Qué apanhá, sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada

(Oswald de Andrade)

Nova Poética: Manuel Bandeira
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem
[engomada, e na primeira esquina passa um caminhão,
[salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e
[as amadas que envelheceram sem maldade.


Vou-me embora pra PasárgadaManuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beiro do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as história
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou –me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tenho tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide á vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

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