Meu blog serve para pessoas que gostam de ler histórias do cotidiano e algumas crônicas. É, especialmente, uma espaço onde compartilho as coisas que, de vez em quando, me atrevo a escrever.

Wednesday, December 13, 2006


Nossa língua Brasileira

Luciano Sérgio de Sousa Guedes[1]

Quando se fala em língua portuguesa, logo se tem a idéia de uma língua idealizada, projetada para uma unidade lingüística “utópica”. É o que chamamos de gramática normativa. Ensinar essa gramática é, “na prática pedagógica tradicional, inculcar um conjunto quase interminável de prescrições sintáticas consideradas “corretas”, ou (...) cobrar o conhecimento de uma nomenclatura falha e incoerente, junto com definições contraditórias e incompletas”.(Marco Bagno – PORTUGUÊS O BRASILEIRO – 2001 – pág. 9)
Isso é ainda mais complicado se pensarmos em termos de Brasil, com suas múltiplas variedades.
A língua que falamos aqui no Brasil está se tornando, cada vez mais, diferente da língua falada pelos portugueses. Isso é fato científico comprovado por pesquisas de vários estudiosos da linguagem no Brasil.
A língua que o brasileiro fala está, cada vez mais, distante da gramática tradicional normativa que regulou por mais de dois milênios o ensino de linguagem. E, somente com o advento da lingüística moderna, é que começamos a pensar a linguagem como processo dinâmico, algo que sofre mutação e reflete o momento histórico de cada comunidade lingüística, portanto, levando em conta, também, os fatores sociais.
Marcos Bagno cita três exemplos de enunciados significativos em seu livro “Português ou Brasileiro”, a respeito das estratégias que o falante culto do português do Brasil utiliza diante de combinação de PREPOSIÇÃO + PRONOME RELATIVO. São os seguintes:
1.a) Esse é um filme de que eu gosto muito.
1.b) Esse é um filme que eu gosto muito dele.
1.c) Esse é um filme que eu gosto muito.
De acordo com Bagno, a estratégia 1.a) é chamada de relativa padrão porque é a única aceita pela tradição gramatical, a 1.b) de relativa copiadora por causa da repetição de um “pronome cópia” (ELE), a 1.c) de relativa cortadora porque a preposição que o verbo rege é “cortada” na segunda oração.
Os enunciados 1.b) e 1.c) são rejeitados pela gramática tradicional normativa padrão.
Contudo, do ponto de vista lógico, 1.b) e 1.c) são duas maneiras diferentes de dizer a mesma coisa e ser compreendido, mesmo que não esteja de acordo com a gramática normativa padrão.
Há uma pequena diferença entre as três, quase que imperceptível: o uso que a maioria dos falantes do português-brasileiro faz da preposição “de”.
Os gramáticos tradicionais não hesitam em afirmar: estão errados estes enunciados! Mas já que a lingüística nos permite teorizar sobre, façamos uma breve reflexão.
Atualmente, no Brasil, a preposição “de”, em orações subordinadas que completam nomes ou verbos transitivos indiretos, tem caído em desuso, especialmente no uso efetivo da língua falada (embora se perceba também essa marca em alguns textos de jornais, revistas e etc.), de uma forma “quase natural”.
Duas podem ser as hipóteses para tais ocorrências. Ou os falantes não percebem mesmo a necessidade (normativa) do uso da preposição, ou ela realmente não modifica o significado da mensagem. De fato, a supressão parece mesmo não modificar em nada, semântica e sintaticamente, a oração, a exemplo do verbo gostar, em orações subordinadas, como em: “A fruta que eu mais gosto é maçã”. Ao invés de ser “atraída”, a preposição é “repelida” pelo verbo que pode, nesse caso, sobreviver isoladamente e, ainda, sem comprometer a originalidade de tal construção.
Inclua-se nessa reflexão o enunciado 1.b) com uma “colocação indevida” de pronome (ELE), mas que aqui parece, unicamente, querer enfatizar a mensagem que o falante deseja transmitir (o que para a normativa tradicional não deixa de ser, infelizmente, erro ou coisas desse tipo).
O que nos parece claro é que essa é uma característica do português falado no Brasil que vai se delineando para a formação de uma língua genuinamente brasileira, com características sociais muito próprias da nossa cultura que é rica em variedades. Então, teríamos: “1500 O Português – 2000 O Português brasileiro – 2500 O Brasileiro”. (Bagno 2001)
Diante destes questionamentos, qual postura o educador da área de letras deve assumir? A comodidade de dizer que está “certo” ou “errado” ou o desafio de uma reflexão mais séria, teórica, científica a cerca das razões que levam os falantes a construírem tais enunciados?
Acredito que a segunda opção provocará em nós uma maior capacidade de compreender as múltiplas variedades de expressão da linguagem e, conseqüentemente, a quebra do mitos e preconceitos há muito enraizados em nossa cultura lingüística pela tradição gramatical normativa.
Algumas pessoas, especialmente aquela mais ligadas à norma padrão ou culta, dizem que “dói” a falta da preposição em tais construções, mas, em contra partida, na maioria das variedades do português-brasileiro, soa estranho o uso da mesma. Por que esses fenômenos acontecem? Por que soa estranho o uso da preposição, para alguns, ou por que “dói” a falta dela, para outros?
Talvez porque pensar a linguagem de maneira unilateral, querendo colocá-la numa caixinha, seja a maneira mais equivocada de interpretar fatos lingüísticos, já que a língua, enquanto sistema de códigos, possui uma imensa riqueza e dinamicidade.
O fato é que estamos descobrindo, aos poucos, que não existe uma língua ideal, mas existem variedades que, queiramos ou não, são boas e funcionais e que, além disso, são a expressão viva de uma comunidade lingüística que tem direito à fala e não pode ser classificada a partir de nossos preconceitos lingüísticos.
A linguagem é dinâmica, mutável e representativa da cultura de um povo que, se não tem, deveria ter “prestígio” e valor.
Finalmente, viva a lingüística moderna, viva a língua brasileira e suas variedades. Que ela nos ajude a nos descobrirmos, cada vez mais, como pessoas de muito valor, que sabem falar a sua própria língua.

[1] Acadêmico do Curso de Letras-português da Faculdade UNIPEC de Porto Velho-RO, que elaborou este artigo como requisito avaliativo da disciplina de Português – Sintaxe do período composto – da professora Neusa dos Santos Tezzari.





A SEMANDA DE ARTE MODERNA

A intenção dos organizadores e dos artistas


* Quebrar as amarras com o classicismo ensinado nas escolas de Belas Artes;
* Romper com os padrões europeus;
* Queria-se uma arte brasileira, inovadora e sem os controles nem amarras do tradicional e do estrangeiro.

O grupo esta disposto:

1. a crítica dos modelos reinantes
2. ao deboche das instituições
3. a um posicionamento renovador

A importância da geração de escritores da chamada fase heróica ou de ruptura do nosso Modernismo reside nos seguintes pontos:

Ø Ataque às formas acadêmicas de arte;
Ø Defesa intransigente da liberdade de criação, do direito a ampliar e criar novas formas de fazer arte;
Ø Aprofundamento da investigação crítica da cultura e da realidade nacionais, iniciada pelos pré-modernistas;
Ø Valorização da língua falada e de suas formas típicas como recurso literário;

Todo esse esforço por atualizar a cultura e a literatura brasileiras tinha uma relação clara com o processo de urbanização e industrialização pelo qual passava o Brasil na época.




Neste texto, harmonizam-se perfeitamente a habilidade técnica na exploração da musicalidade popular das redondilhas com a linguagem coloquial

Sobre Manuel Bandeira

Sua poesia consiste numa bem sucedida integração das formas da língua coloquial à linguagem poética da primeira geração do Modernismo brasileiro. A riqueza expressiva da linguagem anti-acadêmica e as possibilidades rítmicas do verso livre à perfeição, tornaram-no um clássico entre os modernistas.

O último poemaManuel Bandeira

Assim eu queria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

José Paulo Paes escreveu o seguinte poema sobre Manuel Bandeira:

EPITÁFIO

poeta menormenormenormenormenor
Menormenormenormenormenor enorme





Oswald de Andrade
Manifesto da Poesia Pau-Brasil
(fragmentos)
(...)
Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua.
****
Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com os olhos livres.

Pronominais(Oswald de Andrade)

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sábio
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Manifesto Antropofágico
* Em 1928, Oswald lançou o Manifesto Antropofágico, que reafirma algumas posições já adotadas no Manifesto da Poesia Pau-Brasil
* A idéia básica desse manifesto é a “absorção do inimigo sacro”, ou seja, a deglutição dos valores culturais importados de forma similar ao que faziam os índios antropófagos, que devoravam os inimigos corajosos para incorporarem suas qualidades

Em síntese
A poesia de Oswald de Andrade combina elementos das Vanguardas Européias, com exploração crítica bem humorada e coloquial da História, da cultura e da realidade brasileira.

Outros autores

Dentre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo destacam-se:
* Oswald e Mario de Andrade,
* Manuel Bandeira,
* Antônio de Alcântara Machado,
* além de: Menotti del Picchia,
* Cassiano Ricardo,
nGuilherme de Almeida
nPlínio Salgado.


2ª Fase do ModernismoCaracterísticas

PROSA
* Sedimentação – poesia menos anarquista, mais madura
* Tendência ao intimismo universalista
* Valorização de uma tendência espiritualista
* Valorização de uma tendência sócio – Político
* Valorização do cotidiano, da vida simples, comum, principalmente na poesia de Drumond
* Versos livres
* Linguagem lírica


PROSA
* Prosa (O romance Regionalista de 30)


Obs.: trabalho organizado para o estágio, último período da faculdade.





























Alguns poemas que marcaram na faculdade


ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
debaixo duma bruta chuva
vestiu o índio
Quem pena!
Fosse uma manhã de sol
o índio tinha despido
o português.

O CAPOEIRA

- Qué apanhá, sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada

(Oswald de Andrade)

Nova Poética: Manuel Bandeira
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem
[engomada, e na primeira esquina passa um caminhão,
[salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e
[as amadas que envelheceram sem maldade.


Vou-me embora pra PasárgadaManuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beiro do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as história
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou –me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tenho tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide á vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Dívida externa: um problema de todo brasileiro!

Um dos grandes problemas do Brasil, entre tantos, é o da Dívida Externa. Além de provocar desequilíbio no campo social, emperra o crescimento econômico do país. O Brasil atrela-se aos credores internacionais através de acordos financeiros. Embora sejam essas negociações, segundo especialistas, que nos asseguram a garantia de investimentos estrangeiros, favorecendo a estabilidade econômica e, sobretudo, dando-nos credibilidade perante a comunidade internacional.
Esta é a realidade do mundo globalizado, de capital financeiro, da luta de interesses, onde sobrevivem os mais fortes.
Mesmo assim, algumas perguntas nos inquietam: qual a legalidade de uma dívida que vem sendo renovada, com empréstimos constantes, na longa história brasileira? Em que condições foram feitos estes acordos? Quais os mais prejudicados com a manutenção dos mesmos e, quem são os beneficiários dessa dívida?
Juros que multiplicam juros, criando uma viciciosa dependência de empréstimos periódicos a fim de protejer a economia brasileira das constantes crises dos mercados mundiais, cujas consequências socias são, até certo ponto, imprevisíveis.
Do ponto de vista técnico, talvez se possa prever o caos no país, quando algum grupo organizado propõe uma reflexão nacional sobre o assunto, como por exemplo, o plebiscito sobre a dívida. Quem entende de economia, de câmbio, logo se assustou diante da possibilidade de um suposto “calote”, divulgado pela imprensa sensacionalista, temendo uma crise que afundaria, de uma vez por todas, o nosso país. Contudo, essa mentalidade de “calote” pode ser também um discurso ideológico de quem se recusa a discutir a questão com maior profundidade, levando em conta os interesses da coletividade em detrimento de grupos privilegiados.
Talvez seja utópico que esta dívida seja um dia perdoada, o que nos seria, de fato um grande bem, mas o que nos impede de buscarmos uma solução concreta?
Enquanto isso, os brasileiros, especialmente os mais pobres, são penalizados com as imposições dos que emprestam o dinheiro (os agiotas do mercado financeiro internacional) a juros exorbitantes. A esse propósito, o próprio Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, afirmou ser praticamente impossível fazer política social no Brasil com as imposições do FMI.
Finalmente, a solução pode estar na união das forças políticas , dos grupos organizados, da sociedade civil mobilizada, todos juntos buscando resolver o problema de uma maneira menos penosa para as classes mais empobrecidas, como também, numa tentativa de resgatar a soberania nacional, colocando o Brasil numa merecida posição de destaque na comunidade internacional, possibilitando dessa forma, uma vida mais digna a todos os brasileiros e brasileiras que lutam para para construir um país melhor.

Monday, December 11, 2006


A EXPERIÊNCIA DO SAGRADO

A partir do século XVI, com o humanismo, deu-se início no ocidente ao processo de mudança da cristandade, quando substituiu o pensamento teocêntrico pela valorização absoluta do humano, o antropocentrismo. O mundo, a partir de então, passou a creditar simplesmente no poder da razão que se constituía como elemento central de toda reflexão filosófica, política e cultural.
Com o passar dos séculos, a ciência passou do campo das certezas absolutas para as incertezas, onde cada nova descoberta se torna um ponto partida para outras.
Vendo que não encontraram na ciência todas as respostas que buscavam, os homens e mulheres se voltam novamente para o transcendente, reavivando, assim, um retorno a dimensão do Sagrado, numa tentativa de encontrar as razões de sua existência, algo que possa completar a sua vida.
O fenômeno religioso da busca de Deus que vemos hoje, tem alguns traços importantes que precisam ser analisados:
Criou-se a religiosidade de massa. Vale, então o número de pessoas que participam de um evento religioso, mesmo que essas pessoas não expressem um comprometimento com sua comunidade de igreja e com a sociedade;
Embora estejam em grupos, desenvolvem uma espiritualidade intimista, individualista, baseada no sentimentalismo, que acaba por criar uma ambiente próprio de alienação;
Há também uma espécie de fuga do mundo, da realidade, e, conseqüentemente, uma desvalorização do humano em detrimento do divino. Acredita-se, portanto, que, para alcançar o divino, deve-se abandonar o humano. Por isso, nessa perspectiva, o mundo não presta e não tem valor algum.
Uma vez que o valor absoluto é o transcende, o encontro com Deus no futuro (paraíso), vale a teologia da recompensa. Por isso mesmo não sabem lidar com a dimensão do humano, sobretudo com a questão do prazer, por exemplo, que, em termos religiosos está sempre ligado a relação sexual.
Uma das características desse modelo intimista de espiritualidade, é falar mais do diabo do que mesmo de Deus. É como se houvesse sempre a necessidade de um discurso maniqueísta, o confronto entre duas forças, o bem e o mal. Isso favorece uma evangelização pela imposição do medo. Ao mesmo tempo, transfere para o demônio a responsabilidade pelos erros próprios.
Retornar ao Sagrado, como temos visto hoje, é uma questão fundamental para o ser humano, mas é preciso evitar o exagero e a alienação. É preciso, ainda, não esquecer de que, sendo filhos/as de Deus, nascemos para sermos plenamente felizes, inclusive neste mundo que, depois de criá-lo Deus viu que era bom.
É claro que é importante se relacionar com Deus, mas esse Deus se revela no humano, uma vez que Ele mesmo assumiu essa condição, como bem nos lembra o evangelista João: “e o Verbo divino se fez carne e habitou entre nós”.
A relação com Deus só terá pleno sentido, quando formos capazes de amá-lo, porque o conhecemos, mas, ao mesmo tempo, quando formos capazes de amar o próximo, a outra pessoa na qual Deus se manifesta.
Precisamos de uma espiritualidade que liga a fé com a vida. Só assim saberemos respeitar a diversidade de expressões religiosas em busca do Sagrado, cada uma com seu jeito próprio e seu valor fundamental: a busca da realização plena da existência.


TEMPOS DE PROTAGONISMO
De vários lugares chegavam. Na bagagem, muita animação, entusiasmo. Era grande a expectativa sobre o 1 Fórum da AJS-Norte. E a cidade de Manaus foi acolhendo carinhosamente os que chegavam, ao mesmo tempo em que ficava mais encantadora pela presença de tantos rostos alegres da juventude de outros lugares da Amazônia.
A animação do grupo da Área do Madeira era contagiante. A manifestação de amizade para com todos, encantamento pela novidade do encontro com outros jovens, a beleza de conhecer realidades diferentes e novas, fez brota aquela sede deliciosa de aventurar-se em busca de novas descobertas.
Conviver, partilhar, compartilhar, aprender, ensinar, experimentar tudo quanto o Fórum poderia proporcionar, se tornou objetivo para todo o nosso grupo. Assim, os jovens da AROMA foram quebrando as barreiras da acomodação ou do fechamento em si mesmos, para abrir-se a maravilhosa experiência do estar junto. E, sobretudo, estar junto com pessoas que, aos poucos, vamos descobrindo companheiras; solidárias, alegres, sonhadoras e em busca da felicidade, da experiência de Deus, do próximo.
Nas celebrações Eucarísticas, nas músicas de animação, na participação das oficinas, na visita a exposição salesiana, os jovens foram mostrando sua maneira de ver o mundo, seus sonhos e utopias, suas experiências de vida, seu desejo renovado de transformar o mundo.
O 1º Fórum lançou sobre a Juventude Salesiana do Norte um sopro de entusiasmo. Fez despertar o sentido de compromisso e responsabilidade para com cada grupo juvenil e a sua missão na comunidade onde atua.
Num encontro, cujo tema tratava do Protagonismo Juvenil Salesiano, os jovens deram clara demonstração de sua garra e criatividade superando, inclusive a barreira das distâncias que nos separam territorialmente. Eles se tornaram protagonista de um momento histórico para as Inspetorias Salesianas da Amazônia, SDB-FMA; souberam, com coragem, responder a ao apelo de Deus, num claro desejo de construirmos juntos um itinerário formativo para a nossa caminhada de grupo juvenil salesiano.
Agora, portanto, cabe a cada um de nós: jovens; educadores; salesianos e salesianas, criarmos espaço para fazer chover as sementes de um novo tempo... tempo de “Protagonismo Juvenil Salesiano, como resposta aos apelos de Deus.”
Que Nossa Senhora Auxiliadora seja, para todos nós, aquela mãe e companheira em nossa caminhada. E que, inspirados em Dom Bosco e Mazarelo, sejamos protagonista de um novo tempo em nossas Inspetorias da Amazônia.

2003 - Manaus


PUXANDO O PIM

Certo dia, eu estava deitado numa rede, na varanda de casa, quando meu sobrinho pequenininho se aproximou e pediu-me para deitar comigo. Como negar um pedido desses?
Comecei a balançar a rede para que ele não achasse monótono ficar ali, deitado comigo, e depois continuei fazendo algumas brincadeiras.
De repente, ele ficou em pé na rede e gritou:
- puxa o pim, tio Ciano.
- O que meu filho?
- O pim, tio Ciano.
Vendo que eu não lhe dava uma resposta, gritou bem forte:
- pim...
E, em seguida, disse:
- para tio Ciano, tem que descer.
Logo pensei: ele cansou de brincar comigo.
Desceu e mandou que eu continuasse a balançar a rede e veio correndo ao meu encontro com o braço estendido e gritando:
- para o oinzu!!!
Foi, então, quando parei a rede e disse: pode entrar, senhor! Em tom de brincadeira.
Ele subiu de novo na rede e pediu que eu continuasse a balançar e, para minha surpresa e espanto, logo gritou de novo:
- o pim, tio Ciano.
Pensei: ou esse menino ta maluco ou eu é que sou muito desligado. Comecei a prestar mais atenção àquela cena que, por várias vezes, se repetia.
De repente, olhei para cima e vi um cordão amarrado sobre a rede, lá no alto, desses de estender roupas e, finalmente, entendi: aquilo era o pim!!!
Como demorei para entender uma coisa tão simples? Se a rede era o ônibus, seria necessário que tivesse uma campainha para faze-lo parar. E foi justamente a essa campainha que o meu querido sobrinho deu o nome de pim! Na verdade, o pim é o som que a campainha emite quando acionada.
O curioso é que, agora, toda vez que eu ando de ônibus, me lembro sempre dessa historinha quando chega a momento de puxar o pim, quer dizer, a campainha, para descer no local desejado.
Ele tem três aninhos, se chama Daniel, é lindo, muito inteligente, é meu sobrinho.
As crianças são mesmo surpreendentes!!!









O QUE É ISSO COMPANHEIRO?

As pesquisas recentes dão conta de que o presidente Lula será reeleito com tranquilidade, seja qual for o seu adversário nas eleições deste ano. Em todos os levantamentos ele aparece em primeiro lugar, além de vencer o segundo turno em todos os cenários. Isso porque a popularidade do presidente já não é mais a mesma e, não obstante, com a queda de praticamente todo seu batalhão, ele se matenha em pé.
O mais impressionante é que, mesmo depois do reletório da CPI dos Correios que desvendou um esquema de corrupção avassalador; depois das manobras inescrupulosas dos parlamentares para defender os envolvidos no esquema do mensalão, anistiando-os em votação secreta; depois da deputada Angela Guadanin sambar no plenário da câmara, em tom de deboche, depois de o ministro de ferro do presidente, Antônio Palocci, ter sido indiciado como mandante do crime de quebra de sigilo bancário do caseiro e tantas outras trapalhadas que o governo do PT tem cometido; mesmo assim, o eleitor tem demostrado que prefere continuar com o Lula lá.
Nosso Brasil surgiu sob o signo da cruz e da espada, fomos nos aconstumando com os brindes e as migalhas dos colonizadores; nos habituando com a passividade e fomos incutindo em nosso inconsciente um antivalor: a corrupção como algo natural. Desde sempre explorados, passamos também a condição de explorarores, naturalmente em escala menor, cada um com suas pequenas transgressões, fomos nos viciando com pequenos gestos de corrupção que, de certo modo, mesmo velada, ela passou a regra comum, e até nos orgulhamos desses feitos com o nosso dito popular mais "querido": o fomoso jeitinho brasileiro. Nascido sob o signo da exploração, burlar as regras foi se tornando, com o tempo, algo natural. Hoje, com tristeza, constatamos que a corrupção está, de certo, modo generalizada.
É por isso que não se estranha essa ascenção do presidente nas pesquisas. Descobrimos que não só o governo é corrupto, mas a grande maioria dos brasileiro, de algum modo, pratica, por menor que seja, alguma tipo de corrupção. Isso explica talvez a nossa passivida. É como diria Jesus de Nazé: "quem não tem pecado, atire a primeira pedra.

Luciano Guedes